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This album isn't like the ones before it. It is not about what is lost and all things past. Rather, it stems from the feeling that everything keeps changing at a pace at which the heart finds itself unable or unwilling to keep up: the overwhelming process of things that end and new things that keep pilling up, over and over again, always new ones, always the same ones. A catastrophe looms in this. And, even though some songs may carry some sort of idyllic atmosphere, it’s always a mournful one. As everything gets fragmented into debris, things that used to be understood as wholesome get shattered.

This album is, in that sense, as honest as it can be: at some point, I realised I wasn't able to write songs like before; lyrics stopped making sense to me, as did music structure or, sometimes, even melody. I found myself working with new and old fragments; recording the ambient sounds of what surrounds me most of my days and also wanting to slow down every sound, to the point of complete blur: ...there's a sense of an empty world in the sound of dogs barking across the valley in rainy days or in the slowed down low pitch piano murmuring, when darkness invades the rooms at dusk.

From this perspective, this album also became a first answer to my never-ceasing worries about what music is and what it means to make it. At a time when almost all music is streamed, I’m not interested in any kind of revivalism. As music is not limited to the physical aspect of records anymore, the idea of what a song or an album is supposed to be starts collapsing. Plus, I feel I’m also further distancing myself from that apparently “wholesome” atmosphere that surrounds making and releasing music nowadays. I’m not interested in communities nor that shiny and vibrant concept of culture, but only in the dirtiest and most outworn things. With these songs – in their tendency for repetition, for the smallest fragment or for the longest stretch – all of that gets put into question. For that reason, I continue to release my work independently, as, for me, it stands at the gates of some sort of musical anarchy exploration.

Recorded at home, in a village close to Leiria, Portugal, from November 2021 to August 2022, "Everything is (always) about to end" is my 7th offering.

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Este álbum não é como os outros anteriores. Não é sobre o que se perdeu e todas as coisas que já passaram. Em vez disso, ele germinou de um sentimento de que tudo está sempre a mudar, a um ritmo que o coração não consegue ou quer acompanhar: o processo avassalador das coisas que terminam e das novas coisas que se acumulam, sempre de novo, sempre as mesmas. Há nisto uma catástrofe à espreita. E embora algumas músicas tenham uma atmosfera algo idílica, ela é sempre um sinal de luto. Ao mesmo tempo que tudo se fragmenta e se transforma em detritos, também se estilhaçam aquelas coisas que antes se compreendiam como inquebráveis.

Este álbum é, nesse sentido, o mais honesto que poderia ser: a certo ponto, apercebi-me de que não era capaz de escrever músicas como anteriormente; as letras deixaram de fazer sentido para mim, bem como a estrutura musical e até, por vezes, a melodia. Dei por mim a trabalhar com fragmentos novos e com outros já antigos; a gravar o som ambiente daquilo que me rodeava a maior parte dos dias e a querer reduzir a velocidade de todos os sons, até ao ponto da indefinição: ... há uma sensação de mundo vazio no som dos cães a ladrar pelo vale ou no lento e grave murmúrio do piano, quando a escuridão começa a invadir as divisões da casa, nas últimas horas da tarde.

Nesta perspectiva, este conjunto de temas tornou-se também numa primeira resposta às minhas incessantes preocupações acerca do que é a música e do que significa fazer música. Num tempo em que ela é quase completamente consumida em streaming, não estou interessado em nenhum tipo de revivalismo. Como a música deixou de estar limitada ao aspecto físico dos suportes, a ideia do que é suposto ser uma canção ou um álbum começa a colapsar. Para além disso, sinto que me estou a distanciar cada vez mais daquela atmosfera aparentemente cheia de vida, que envolve o modo contemporâneo de fazer e de divulgar música. Não me interessam comunidades, nem esse conceito "brilhante" e dinâmico de cultura, mas apenas o mais sujo e desgastado. Com estes temas – que eu, mais uma vez, lanço de forma independente –, na sua tendência para a repetição, para o mais pequeno fragmento e para a mais longa ampliação, tudo isso é posto em questão. Por isso, este trabalho está, para mim, às portas de uma espécie de exploração no domínio da anarquia musical.

Gravado em casa, numa aldeia perto de Leiria, Portugal, de Novembro de 2021 até Agosto de 2022, "Everything is (always) about to end" é a minha 7ª oferta.